Use Dark Theme
bell notificationshomepageloginedit profile

Munafa ebook

Munafa ebook

Read Ebook: At War with Pontiac; Or The Totem of the Bear: A Tale of Redcoat and Redskin by Munroe Kirk Finnemore Joseph Illustrator

More about this book

Font size:

Background color:

Text color:

Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page

Ebook has 1470 lines and 75062 words, and 30 pages

Ninguem queria.

Falava pouco. A sua express?o favorita era: <>. Qualificava assim os chefes da fabrica e da policia; empregava o mesmo epitheto quando se dirigia ? mulher.

--? canalha, n?o v?s que as minhas cal?as est?o r?tas?

Quando o seu filho Pavel tinha quatorze annos, Vlassof sentiu ainda uma vez o desejo de levantal-o ao ar pelos cabellos. Mas Pavel, deitando a m?o a um martello, disse resumidamente:

--N?o me toques!

--O qu?? perguntou o pae, encaminhando-se para o pequeno de f?rmas esbeltas e delicadas. Dir-se-ia uma sombra cahindo sobre uma betula.

--Basta! exclamou Pavel. N?o te deixarei continuar...

E agitou o martello, abrindo desmedidamente os grandes olhos negros.

O pae olhou para elle, p?z as m?os pelludas atraz nas costas, e disse em ar de tro?a:

--Est? bem...

Depois accrescentou com um profundo sorriso:

--Ah! canalha!

Logo declarou ? mulher:

--Nunca me pe?as mais dinheiro para os sustentar, a ti e ao Pavel.

--Vaes gastar tudo na bebida? ousou ella perguntar.

Deu um murro na meza, exclamando:

--Que tens tu com isso, canalha? Vou arranjar uma amante!

N?o a arranjou; mas a partir d'aquelle dia at? ? morte, durante cerca de dois annos, nunca mais olhou para o filho nem lhe dirigiu palavra.

Tinha um c?o t?o forte e pelludo como elle. Todas as manh?s o animal o acompanhava at? ? porta da fabrica, onde o esperava ? tarde. Nos dias santificados, Vlassof ia para a taverna. Andava sem dizer palavra, e como se procurasse o que quer que fosse, lan?ando olhares furtivos aos que passavam. Durante todo o dia, o c?o seguia-o, com a espessa cauda descahida. Quando Vlassof, b?bedo, entrava em casa, ceava e dava de comer ao c?o no seu proprio prato. Nunca batia no animal, assim como n?o lhe ralhava nem o acariciava. Depois da refei??o, se a mulher n?o conseguia levantar a meza no momento opportuno, atirava com a lou?a ao ch?o, punha na sua frente uma garrafa de aguardente e, com as costas contra a parede, com a b?ca muito aberta e os olhos fechados, cantava em voz roufenha uma can??o melanc?lica. Os sons discordantes baralhavam-se-lhe no bigode, do qual cahiam migalhas de p?o; os seus dedos grossos alizavam os pellos da barba. As palavras da can??o eram incompreensiveis, arrastadas, a melodia recordava os urros dos lobos no inverno. Cantava emquanto durava a aguardente; depois estirava-se no banco ou encostava a cabe?a ? meza e dormia assim at? que o apito da fabrica o chamava. O c?o deitava-se ao seu lado.

Morreu d'uma hernia, apoz longa agonia. Durante cinco dias, enegrecido pelo soffrimento, agitou-se incessantemente no leito, com as palpebras cerradas, com a b?ca em contors?es. De quando emquando, dizia para a mulher:

--D?-me arsenico. Envenena-me! Ella chamou o medico, que receitou cataplasmas, informando de que seria indispensavel uma opera??o, e de que era preciso levar o doente para o hospital immediatamente.

--Vae para o diabo, canalha! Morro bem, s?sinho! respondeu elle.

Quando o medico sahiu, a mulher lavada em lagrimas, quiz resolvel-o a submetter-se ? opera??o; Milkha?l declarou-lhe amea?ando-a de punho cerrado:

--N?o experimento. Se eu ficasse bom, haverias de pagal-o caro!

Uma manh?, morreu, emquanto o apito da fabrica chamava os operarios ao trabalho. Deitaram-no no caix?o; tinha o sobrolho franzido e a b?ca aberta. Foi levado ? ultima morada pela mulher, pelo filho, pelo c?o, e por Danilo Vessoftchikof, velho ladr?o e b?bedo expulso da fabrica, e por alguns miseraveis do bairro. A mulher chorou um pouco. Pavel tinha os olhos s?ccos. Os que encontraram o prestito funebre pararam e persignaram-se, dizendo:

--Com certeza que P?lagu? est? satisfeita com a morte do marido.

Alguem emendou:

--N?o morreu: rebentou.

Depois do caix?o descer ? terra, os que o acompanharam voltaram para casa; o c?o ficou deitado na terra humida, farejando por muito tempo. Decorridos alguns dias, mataram-no; n?o se soube quem.

Certo domingo, uns quinze dias depois da morte do pae, Pavel entrou em casa embriagado. Parou cambaleando na primeira divis?o, e gritou para a m?e, dando um murro na meza, como fazia Mikha?l:

--A ceia!

P?lagu? approximou-se, assentou-se ao seu lado; enla?ando-o com os bra?os, puxou para o peito a cabe?a do filho. Elle repelliu-a, pondo-lhe o bra?o no hombro, e disse:

--Depressa, mam?!

--Patetinha! respondeu ella com voz triste e carinhosa.

--Tambem quero fumar! D?-me o cachimbo do pae... rosnou, movendo a custo a lingua rebelde.

Era a primeira vez que se embriagava.

O alcool tinha enfraquecido o seu corpo, mas n?o lhe extinguira a consciencia; perguntava a si proprio:

--Estou b?bedo?... Estarei b?bedo?

As caricias da m?e vexavam-no; estava commovido pela tristeza do olhar d'ella. Tinha vontade de chorar; e para vencer este desejo fingiu-se ainda mais embriagado.

E a m?e acariciava-lhe os cabellos em desordem e cobertos de suor, dizendo suavemente:

--N?o devias ter feito isso...

Pavel come?ava a sentir nauseas.

A seguir aos vomitos, foi levado para a cama pela m?e, que lhe collocou uma toalha humida na fronte p?lida. Repoz-se um pouco; mas tudo lhe andava ? roda; as palpebras pezavam-lhe; tinha na b?ca um g?sto repugnante e amargo; olhava para o rosto da m?e e tinha pensamentos sem nexo.

--? ainda cedo para mim... Os outros bebem sem ficarem doentes; eu tenho nauseas.

A doce voz da m?e chegava-lhe aos ouvidos como se viesse de muito longe:

--Como poder?s sustentar-me, se te entregas ? bebida?

Respondeu, fechando os olhos:

--Todos bebem...

P?lagu? suspirou profundamente. O filho tinha raz?o. Ella bem sabia que os homens n?o encontrariam outro sitio sen?o a taverna para se divertirem, que n?o tinham outro prazer sen?o o alcool. No entretanto, retorquiu:

--Tu n?o precisas de beber! O teu pae bebeu ? farta por ti; e bastante me atormentou... Deves ter piedade da tua m?e.

Ouvindo estas palavras melanc?licas e resignadas, Pavel pensou na existencia silenciosa e apagada d'aquella mulher, esperando sempre os espancamentos do marido. Nos ultimos tempos, Pavel pouco se demorava em casa, para n?o ver o pae; desprezava um tanto a m?e; regressando ao seu estado normal, examinava-a.

Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page

Back to top Use Dark Theme