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Read Ebook: A princeza na berlinda Rattazzi a vol d'oiseau com a biographia de sua Alteza by Castro Urbano De
Font size: Background color: Text color: Add to tbrJar First Page Next PageEbook has 116 lines and 11450 words, and 3 pagesRATTAZZI A VOL D'OISEAU URBANO DE CASTRO CHA-RI-VA-RI A PRINCEZA NA BERLINDA RATTAZZI A VOL D'OISEAU COM A BIOGRAPHIA DE SUA ALTEZA LISBOA TYPOGRAPHIA PORTUGUEZA 7, Rua da Paz, 7 1880 A PRINCEZA NA BERLINDA Callou-se por?m muito bem callada e continuou a dar-lhes jantares hebdomadarios. A concorrencia cada vez era maior. Houve sujeito que se fez litterato, s? para jantar com a princeza. C? f?ra, no Martinho e na Havanesa, esses jantares eram digeridos e commentados com a face vermelha e a palavra quente... Contavam-se anecdotas, que ? deveras pena n?o terem chegado aos ouvidos da princeza, porque, algumas d'ellas n?o s?o em nada inferiores a muitas que l?mos no seu livro... E aqui est? como madame Rattazzi conseguiu durante um mez ser uma notabilidade em Lisboa. Sua altesa, por?m, em vez de contentar-se com esta gloria, embora de 2.^a ordem, lembrou-se um dia de querer uma gloria de 1.^a sorte, e escreveu uma comedia que, depois de muito applaudida em sua casa pelos seus commensaes, foi representada no theatro dos Recreios, a quem ella, com carradas de ras?o chama um calvario, visto que l? teve... a cruz da pateada... Lisboa j? sabe pouco mais ou menos o que o livro ?. Os jornaes tem dado excellentes amostras d'aquella famosa pe?a... Porque n?o havemos n?s de dar tambem algumas? Estes dois perfis da nossa nobreza, por exemplo... Conta-se este facto digno dos melhores tempos da monarchia. O conde era camarista da infanta D. Izabel, que morreu ha annos, em avan?ada edade, no seu palacio de Bemfica nos arrebaldes de Lisboa. Sendo os principes da familia real depositados na egreja de S. Vicente, situada n'um dos extremos da cidade opposto a Bemfica, o cortejo funebre teve de percorrer duas leguas, a passo, em pleno mez de julho. Se eu fosse rei de Portugal prohibia a este fidalgo, sob as mais graves penas, de me fazer assim cortejo com a sua entrudada, mas, com isso, arriscaria talvez a minha cor?a. Depois d'estes perfis hilariantes como o protoxido de azote, tenha o leitor a paciencia de me acompanhar ao capitulo em que sua altesa nos d? a honra de fallar dos nossos enterros. D?mos a palavra ? princeza: < realmente coisa curiosa que acompanhando o pae os filhos ao cemiterio, estes n?o acompanhem os paes: n?o ? costume. Deixa-se este cuidado aos parentes mais affastados ou aos amigos. Porqu?? N?o m'o poderam explicar: acho por?m esquisito.>> Comprehendo muito bem que a familia esteja n'um estado de consterna??o indizivel: entretanto, visto que esta consterna??o lhe permitte fazer annuncios nos jornaes, parece-me que, com um pequeno esfor?o, lhe permittiria tambem enviar cartas de participa??o impressas a casa de cada um, como se faz nos outros paizes. Resulta com effeito d'este costume que, se n?o se lerem os jornaes, ou antes os annuncios dos jornaes, p?de muito bem acontecer deixar uma pessoa de acompanhar ao cemiterio o seu tio, primo, ou o seu melhor amigo.>> Foi ainda mal informada sua alteza. ? verdade que muitas vezes o annuncio funebre termina por aquelle molho, mas n?o ? menos verdade que rarissimas vezes se deixa de enviar cartas de participa??o. Sua alteza n?o recebeu nenhuma, e por isso naturalmente lembrou-se de nos ensinar como estas coisas se fazem nos paizes civilisados. Obrigado princeza. Quanto a n?o ter recebido carta alguma de participa??o desculpe:--hei de mandar-lhe uma... quando morrer o meu Tareco. Coitada! Infeliz princeza! Ninguem lhe mandou carta de participa??o. Ent?o que se lhe ha de fazer, no nosso paiz os enterros ser?o tudo quanto quizer... mas n?o s?o entrudadas... Mas nem s? os enterros tem a honra de espantar sua alteza... O livro est? cheio de exemplos do mesmo genero. Sente-se mesmo em algumas paginas que a princeza n?o chega a contar metade dos seus espantos... Qual metade!--nem a decima, nem a centesima, nem a milesima parte... Porque a verdade ? esta:--sua alteza apenas transpoz a fronteira come?ou a sentir as d?res... do espanto... Exactamente, agora ? que eu acertei... come?ou a sentir as d?res do espanto, e o seu livro, que at? hoje ninguem sabia bem o que ?, passa agora muito logicamente a ser o feliz parto que a alliviou das citadas d?res, logo que ella se viu em terreno conhecido, que ? como quem diria:--logo que a natureza permittiu que o robusto menino visse a clara luz do dia... Espanto! Espanto! sempre espanto! Espanto, espanto, sempre espanto! Porque n?o escreveu o seu livro tal qual o pensou princeza? Como diabo, perdoe-se-me a heresia, querer?o os meus bons amigos portuguezes que Nosso Senhor os entenda?>> E n?o seria este por certo o menos notavel dos seus espantos. Antes de passarmos adiante contemos um disparate que n?o deixa de ter gra?a. A paginas, n?o sei quantas, escrevendo a princeza que n?s n?o fazemos uso de fog?es para aquecer as casas, diz pouco mais ou menos o seguinte:--De resto, se fizessem uso d'elles, n?o se haviam de v?r em pequenos embara?os para arranjar o combustivel, a n?o ser que deitassem a mobilia ao fogo. A lenha ? absolutamente desconhecida em Portugal, e custa cada kilo... tres mil r?is!>> --Oh! princeza, se vossa alteza quando esteve em Lisboa pagou a lenha por aquelle pre?o, devo dizer-lhe duas coisas:--a primeira, ? que o seu livro passa a ser um favo do Hymeto, a segunda... ? que foi roubada! O que ? verdade por?m ? que Lisboa deve um grande servi?o ? princesa. Nem mais nem menos do que a rusga feita ?s casas de jogo nos principios d'este mez. Se duvidam, leiam. Ha muito que no governo civil havia uma tal ou qual suspeitasinha, uma vaga desconfian?a, de que a roleta, esse terrivel philloxera das algibeiras, tivera o inqualificavel arrojo, o descaro inaudito de assentar os seus arraiaes--aqui--na patria de Cam?es, nas bochechas do sr. Rosa Araujo, representante da dita patria. Mas tudo era vago, incerto, nebuloso... A policia posta em campo nada descobrira. Procurara-a,--oh! se a procurara!--como o nauta procura o norte, como a ave procura o ninho, como a f?ra o seu covil--mas, apesar de a procurar com todo este excesso de poesia, o resultado era sempre o mesmo... nada, nada, nada, tres vezes nada coisa nenhuma! O habil Antunes, o eximio Castello Branco, o nunca ass?s cantado 37--e muitos outros egualmente habeis, egualmente eximios, egualmente nunca ass?s cantados, encarregados secretamente de a descobrirem, pozeram em pratica as maiores subtilesas policiaes. Um d'elles chegou a disfar?ar-se em G. L. P... Nem assim a encontrou! Nada os fazia recuar, nada os intimidava, desconheciam... e creio que ainda desconhecem, o verbo trepidar! Passeios, botequins, theatros, tudo assaltaram em busca da criminosa... Era um phrenesi, um delirio, uma raiva... Mas a scelerada n?o apparecia! Era para perder a cabe?a. Ah! ? que effectivamente o caso n?o era para menos. A pagina 149, fallando das batotas, diz a princeza: Ha uma na rua do Alecrim. Uma, rua das Gavias. Uma, pra?a de Cam?es. Duas, rua da Emenda. Uma, rua de S. Francisco. Uma, travessa de Santa Justa. Tres ou quatro ? Ribeira Velha. --Obrigado meu Deus! exclamou ent?o o governo civil imitando d'esta vez a sr.^a Emilia das Neves, obrigado meu Deus! E aqui est? como a policia conseguiu saber onde eram as batotas. Ah! princeza, princeza, vossa alteza merecia que pelo menos a fizessem... chefe d'esquadra. E note-se mais, ? ella, ? ella quem ensina no seu livro como se faz uma rusga. Duvidam? Leiam. <<--Em Paris a policia tem um servi?o especial para este genero de industria prohibida. Os agentes d'este servi?o espiam os batoteiros, estudam cuidadosamente o terreno, e uma bella noite cahem l? dentro como um raio e prendem todos, levando o dinheiro que est? em cima das mesas.>> Diz ainda sua alteza:--A mobilia ? confiscada... e a policia confiscou a mobilia. Add to tbrJar First Page Next Page |
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