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Munafa ebook

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Read Ebook: A princeza na berlinda Rattazzi a vol d'oiseau com a biographia de sua Alteza by Castro Urbano De

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Ebook has 116 lines and 11450 words, and 3 pages

Diz ainda sua alteza:--A mobilia ? confiscada... e a policia confiscou a mobilia.

Decididamente, a princeza tem todo o direito... a um apito honorario!

Vejamos agora como sua alteza falla de alguns dos nossos escriptores.

Agora querem saber como apparecem os nomes portuguezes no livro da princeza? Ahi vae uma amostra.

Aos theatros de Lisboa faz sua alteza a honra de lhes consagrar um capitulo do seu livro.

E como a princeza ? mulher coherente em todos os actos da sua vida, n?o quiz deixar de ser mexiriqueira tratando de assumpto que tanto a mexericos se presta.

Assim diz, por exemplo, fallando do theatro do Gymnasio:--<

--O senhor n?o me dir? quando me paga o que me deve? dizia o credor.

--Ora sempre ? muito curioso, respondeu o principe.>>

Realmente ? difficil perceber a que vem isto. Pela nossa parte entendemos que s?o profundamente ridiculos todos estes promenores da vida intima dos theatros... Julgamos al?m d'isso haver falsidade no mexerico da princeza. Mas ainda que seja verdade o que ella diz, n?o ser? de mau gosto trazer quest?esinhas de soalheiro para um livro de viagens?

Dou-lhes um doce se adivinharem quem s?o estas duas jovens e formosas mulheres. Candida e Lora quer dizer Amelia Vieira e Emilia dos Anjos. Ha por?m uma difficuldade, e desde j? nos confessamos incompetentes para a resolver:--Qual ser? a Lora?

Mysterio que s? a princeza poder? decifrar.

Custam a roer, custam... Mas que se hade fazer? R?a, r?a. De resto parece-nos que sua alteza tem deveras a bossa do estylo lacrimoso... Chore--a lagrima ? livre.

Depois da nenia das pateadas passa sua alteza a fallar da vida dos bastidores em Lisboa. D?mos-lhe mais uma vez a palavra:--<<--A vida dos bastidores em Portugal est? ainda no estado primitivo. ? mais burgueza que desregrada. Na maioria dos theatros as actrizes s?o casadas ou vivem maritalmente com pessoas da sua escolha, dando, com rarissimas excep??es tanto que fallar pela sua conducta como pelo seu talento. Se quizesse citar alguma que se distinguisse das suas collegas pelo seu luxo ou pelos seus amores, ver me-hia deveras embara?ada, n?o obstante ter pedido informa??es a toda a gente.>>

Sim, a princeza pedio informa??es a toda a gente. Apenas qualquer sujeito tinha a honra de lhe ser apresentado, a primeira coisa que a princeza fazia era disparar-lhe esta pergunta ? queima roupa:--Ora diga-me meu bom amigo, sabe alguma coisa da Emilia das Neves?--Que lhe consta da Delfina?--N?o se rosna coisa nenhuma d'aquella Joanna Carlota da rua dos Condes?

Esta febre da princeza em indagar a vida intima das nossas actrizes faz-me lembrar a historia de um provinciano que vindo a Lisboa pela primeira vez, com ideas muito errados acerca das nossas mulheres de theatro, come?ou durante a representa??o, de n?o sei que pe?a em D. Maria, a interrogar o visinho do lado, pelo theor que vae v?r-se, sempre que apparecia em scena alguma actriz.

Entrava por exemplo a sr.^a Emilia das Neves, o provinciano voltava-se para o sujeito e dizia-lhe piscando-lhe o olho intencionalmente:

--Esta...?

E o sujeito:

--N?o sei...

Entrava a sr.^a Virginia:

--E esta...?

--Homem deixe-me...

Entrava a sr.^a Amelia Vieira.

--E esta...?

--Diabo, o senhor ? inconveniente! N?o sei nada...

O provinciano por?m n?o se dava por vencido.

--E esta...? continuava elle sempre a perguntar.

De repente entra o Theodorico. Ent?o o sujeito, desesperado, fulo, volta-se para o pobre provinciano e diz-lhe muito serio:

--Olhe este... com certesa...

A princeza fez exactamente o papel do provinciano, e, t?o infeliz como elle, n?o ficou sabendo coisa nenhuma...

Ficou at? sabendo menos que o provinciano...

Em todo o caso registe-se que no entender de sua alteza a vida dos bastidores em Portugal ? uma pulhice... <> chega a ser infame, n?o ? assim princeza?

E depois que mulheres estas de theatro! Que impossiveis creaturinhas! D?o tanto que fallar pela sua conducta como pelo seu talento... O mesmo n?o se pode dizer que aconte?a com certa pessoa que n?s sabemos...

Essa d? muito mais que fallar pela sua conducta do que pelo seu talento...

Foi dev?ras infeliz a princeza em quest?es de theatro. Viu-se sempre embara?ada. At? se quizesse citar alguma actriz que se distinguisse das suas collegas pelo seu luxo ou pelos seus amores, at? n'essas circumstancias os embara?os lhe n?o permittiriam a cita??o...

? realmente estar com azar.

Termina sua alteza o capitulo dos theatros fallando das dan?arinas de S. Carlos. Diz sua alteza:--<>

Deixemos por?m os theatros e vejamos o que a princeza diz a respeito do nosso mais notavel monumento--o mosteiro da Batalha.

Ter visto a Batalha, ter entrado n'aquelle monumento, que ? uma verdadeira epopeia de pedra, e escrever o que ahi fica, sabe o que ?, princeza?--? um diploma. Simplesmente n?o lhe digo de qu?.--V? ter com alguns dos muitos estrangeiros illustres que visitaram aquelle mosteiro, francezes, inglezes, italianos, hespanhoes, russos, allem?es, ou de qualquer outra nacionalidade, diga-lhes que viu a Batalha, mostre-lhes depois o que escreveu no seu livro... qualquer d'elles lhe dir? de que ? o tal diploma...

Ah! sim, ? pena! pois n?o! chega a ser uma d?r d'alma n?o estar o reino de Portugal cheio de monumentos, como a Batalha, para que sua alteza, a muito alta e muito nobre princeza Rattazzi, podesse percorrer o paiz com os olhinhos alegres!

Porque afinal de contas, o magestoso e sublime mosteiro n?o lhe causou nenhuma outra impress?o... alegrou-lhe o olho.

? impagavel no fim de tudo esta Rattazzi:--Melicio ? espirituoso e incisivo, e a Batalha... alegra-lhe o olho...

Tudo quanto o leitor tem visto at? agora, fica por?m eclipsado pelo capitulo em que a muito nobre princeza falla do modo porque os estrangeiros s?o recebidos em Lisboa.

Leiam:

<

Supponhamos que um pobre diabo cae de inani??o n'uma das pra?as publicas de Lisboa, confessando que n?o recebeu do c?u a gra?a de ter nascido cidad?o portuguez.

Aqui est? approximadamente a grada??o de estima a que um estrangeiro p?de aspirar em Portugal.

Os inglezes s?o os mais considerados, o que se explica, dizendo-se que Portugal ? um pouco uma colonia ingleza, uma terra de exporta??o para os productos da Gr?-Bretanha: o ouro e os uniformes militares s?o inglezes. Ha n'este povo meridional muitos costumes anglicanos que ficaram como recorda??o da allian?a das armas inglezas contra os francezes em 1808.

Os allem?es gosam de alguma considera??o.

Os americanos do norte s?o antes temidos do que estimados.

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