|
Read Ebook: Pátria by Junqueiro Ab Lio Manuel Guerra
Font size: Background color: Text color: Add to tbrJar First Page Next PageEbook has 847 lines and 35941 words, and 17 pagesa, bom humor e bom jantar, O ditoso torr?o da p?tria!... que imbecis! No globo n?o h? mais que uma p?tria: Paris. A nossa ent?o, que choldra! Infecta mercearia, Guimar?es, Policarpo, Antunes, Braga & C.^a! Um horror! um horror! N?o temam que proteste, Se emigrando me vejo livre de tal peste. Fico por l?... n?o torno mais... fico de vez... O que ? preciso ? bago... Ora, voc?, marqu?s, Ador?vel canalha e salteador galante, N?o me deixa embarcar el-rei como um tunante, El-rei que vai viver por c?rtes estrangeiras, Sem duas d?zias de milh?es nas algibeiras... Eu sou trinchante-m?r, e conservo o lugar, Havendo, claro est?, fais?es para trinchar!... Incr?vel! No momento grave em que a Na??o Dorme ? beira dum vulc?o, Nesta hora tremenda, hora talvez fatal, H? quem graceje como em pleno carnaval! E assim vamos alegremente, que loucura! Cavando a todo o instante a pr?pria sepultura... No dia d'?manh? ningu?m pensa, ningu?m! Os resultados v?-los h?o... caminham bem... Divertem-se com fogo... Olhem que o fogo arde... E extingui-lo depois ser? tarde... J? n?o ? tempo... As lavaredas da fogueira Abrasar?o connosco a sociedade inteira! A mim o que me indigna e ruborisa as faces ? ver o exemplo mau partir das altas classes, Sem se lembrarem Que as v?timas seremos n?s... infelizmente! N?o abalemos, galhofando, assim ? t?a, A ?gide do Scetro, o prest?gio da C'roa! Quando a desordem tudo infama e tudo amea?a, A Rialeza ? um penhor... CIGANUS: Destinado a ir ? pra?a. Quest?o d'anos, quest?o de m?s ou quest?o d'hora, Segundo ronde a ventania l? por fora... Observemos o tempo... anda brusco, indeciso... N?o arme o diabo algum ciclone d'improviso!... O trono, defend?-lo emquanto nos convenha; Depois... trono sem p?s j? n?o ? trono, ? lenha. Queima-se; e no braseiro alegre a chamejar Cozinhamos os dois, meu duque, um bom jantar!... O duque a horrorizar-se!... Eu conspiro em segr?do... Pode ouvir, pode ouvir... duque, n?o tenha m?do! A rep?blica infame, a rep?blica atroz, Uma bela manh? ser? feita por n?s, Meu caro duque!... E o presidente... Ora quem... ora quem, duque de S. Vicente?!... O duque! N?o h? outro, escusado ? lembrar!... Um prest?gio europeu... a independ?ncia... o ar... N?o h? outro!... d'arromba!... ? verdadeira altura!... Todas as condi??es, todas... at? figura! Parece um rei! que nem j? sei como se move Com as trinta gran-cruzes... Upa!... trinta e nove! CIGANUS: Trinta e nove gran-cruzes, h?n! no mesmo peito... Caramba, duque!... ? bem bonito... ? de respeito! E o povo gosta, deixe l?... De mais a mais Duque e plebeu... N?o me envergonho de meus pais! Filho dum alfaiate... Honra-me a origem!... CIGANUS: Sei... E nobreza t?o nobreza ? que a n?o d? el-rei. Nobreza d'alma! Emfim, meu duque, nem pintado Se encontraria igual para chefe do Estado! Queira ou n?o queira, pois, o meu ilustre amigo... Eu lhe digo, marqu?s... eu lhe digo... eu lhe digo... Devagar... devagar... Um problema importante, Que exige reflex?o, matura??o bastante... Sou mon?rquico... Fui-o sempre!... Inda hoje creio O trono liberal o mais s?lido esteio Do Progresso e da Paz e a melhor garantia Da justa, verdadeira e s? Democracia. N?o precisamos outras leis... H? leis ? farta! Executem-nas!... Basta executar a Carta! Cumpram as leis!... Dentro da Carta, realmente, Cabem inda ? vontade o futuro e o presente... ? ?ste o meu crit?rio... e j? agora n?o mudo!... Honrosas convic??es, filhas dalgum estudo E muitas brancas... Mas, emfim, se as loucuras alheias... Desvairamentos... circunst?ncias europeias... Derem de si em conclus?o reg?men novo, Acatarei submisso os ditames do Povo! Mon?rquico e leal... no entretanto, marqu?s, Antes de tudo, sou e serei portugu?s!! Ao bem da P?tria em caso urgente, em horas cr?ticas N?o duvido imolar opini?es pol?ticas! Darei a vida at?, quando preciso f?r!! CIGANUS: El-rei que chega... Meu Senhor! CIGANUS: Meu Senhor! OPIPARUS: Meu Senhor! SCENA II Os tr?s c?es acodem festivos ao monarca Que noite! CIGANUS: Vendaval furioso! OPIPARUS: Noite rara Para uma ceia de champagne e mulher cara... O REI: Faz-me nervoso a noite... MAGNUS: ? da atmosfera espessa... El?ctrica... Atord?a e desvaira a cabe?a... O tratado? CIGANUS: O tratado. MAGNUS: Um pouco duro... El-rei... Seja o que f?r... seja o que f?r... assinarei... Vai ao balc?o, ficando abstracto, a olhar a noite. MAGNUS: N?o h? d?vida; el-rei anda enf?rmo... ? evidente... OPIPARUS: Galhofeiro, jovial, bom humor permanente, Sc?ptico, dando ao demo as paix?es e a tristeza, Ca?ador, toireador, conviva her?ico ? mesa... Pobre do rei... quem o diria!... que mudan?a! Oxal? que a loucura, a vir, lhe venha mansa... CIGANUS: O rat?o do cronista ? que o tem posto assim, Com mist?rios em grego e aranzeis em latim... Trov?o formid?vel. Que noite! MAGNUS: Uma trovoada enorme!... Causa horror!... Ciganus desdobra o pergaminho e vai ler o tratado. O REI: Leitura in?til... Deixa l?... Seja o que f?r... Seja o que f?r... adeus!... assinarei... CIGANUS: Perfeito. N?o h? balas? Resigna??o; n?o h? direito. Se entra no Tejo de surpresa um coira?ado, Quem vai met?-lo ao fundo, quem? A nau do Estado Com bispos, generais, bachareis, amanuenses, Pianos, pulgas, mangas d'alpaca e mais pertences? A esquadra? vai a esquadra rial, um meio cento De alcatruzes, bid?s e banheiras d'assento? Sacrificar a vida ? honra? Acho coragem, Mas a honra sem vida ? de pouca vantagem; N?o se goza, n?o vale a pena. A vida ? boa... Defendamos a vida... e salvemos a C'roa. Add to tbrJar First Page Next Page |
Terms of Use Stock Market News! © gutenberg.org.in2025 All Rights reserved.