Use Dark Theme
bell notificationshomepageloginedit profile

Munafa ebook

Munafa ebook

Read Ebook: Felicidade pela Agricultura (Vol. I) by Castilho Antonio Feliciano De

More about this book

Font size:

Background color:

Text color:

Add to tbrJar First Page Next Page

Ebook has 783 lines and 48341 words, and 16 pages

OBRAS COMPLETAS DE A. F. DE CASTILHO

--4--

Felicidade pela Agricultura

LIVRARIA BARATEIRA LISBOA 34-RUA DO DUQUE-36. Tel. T. 1264

OBRAS COMPLETAS DE ANTONIO FELICIANO DE CASTILHO

VOLUME 4.?

VOLUMES PUBLICADOS:

NO PR?LO:

V--FELICIDADE PELA AGRICULTURA

OBRAS COMPLETAS DE A. F. DE CASTILHO Revistas, annotadas, e prefaciadas por um de seus filhos

FELICIDADE PELA AGRICULTURA

SEGUNDA EDI??O

VOLUME I

LISBOA EMPREZA DA HISTORIA DE PORTUGAL

ADVERTENCIA DOS EDITORES

Jo?o de Andrade Corvo costumava dizer:

--Em qualquer pagina que eu o abra, tem sempre este livro o cond?o de me entreter, e fazer-me pensar longamente.

Livro que faz meditar um homem da valia de Andrade Corvo, ? bom.

Via ent?o Castilho a regenera??o da Patria, d'esta Patria que elle tanto amou, consubstanciada n'uma ideia unica: o desenvolvimento da Agricultura, e da Instruc??o popular. ?Enganar-se-hia?

A campanha que nos annos proximos havia de sustentar, com a penna, com a palavra, com o amor, com a ira, e com annos de existencia, come?ou, a bem dizer, aqui. Este opusculo marca uma epoca da vida de Castilho.

Com os seus alti-baixos de forma, com a sua exuberancia opulenta, com as suas loucuras s?rias t?o sublimes, com o seu desalinho familiar, que por si mesmo consegue imp?r-se, s?o estas paginas o acordado sonho de um vidente, que adianta tres seculos ? sua era. As utopias do autor encapellam-se, como antecipa??o grandiosa e gloriosa, que lhe retrata a indole.

?S?o lembran?as irrealisaveis algumas para desde j?? sel-o h?o; mas dos devaneios e aspira??es dos homens de alma tem a Humanidade lucrado sementes de muitos bens. Lan?adas ? terra intellectual, veem a final a germinar, e a desatar-se em flores e frutos.

Deixar devanear estes grandes sonhadores, cuja regi?o se libra a meio-caminho entre o presente e o futuro, entre o real e o ideal, entre a terra e o ceo. Escutemol-os, que para algures, n?o sonhado de n?s outros, nos levam estas sereias do bem:

Pobre e desajudado, pugnou, quanto soube e poude, em favor de uma ideia, que o alimentou e o aniquilou: a civilisa??o da sua terra.

? um livro singular este, que se n?o pode ler sem respeito e commo??o. O pensador transparece no poeta. O lyrico devaneador completa-se no philosopho. O patriota real?a-se pelo christ?o.

Exhala-se de cada paragrapho um vago perfume campestre, que ? verdadeira delicia: a mente do escritor foge, sempre que pode, para as solid?es das hortas e dos casaes; as metaphoras s?o tomadas quasi sempre ao viver rural; a linguagem, portugueza de lei, sabe ao bom falar dos montanheiros.

Se elle tivesse refundido a obra, deixal-a-hia de certo mais perfeita; mais sincera n?o a podia deixar. ?E que melhor prenda do que a sinceridade?

Jos? Silvestre Ribeiro

ADVERTENCIA

Diz-me a consciencia, que a maior parte das minhas esperan?as n'estas paginas vem prematura, e que poucos d'estes bons e santos desejos, ou nenhuns, se realisar?o em vida dos nossos netos.

? consciencia respondo: que, se eu tivesse de viver duzentos annos mais, ou se d'aqui a duzentos annos houvesse de renascer, de boa-mente reservaria para ent?o o que hoje antecipo.

Os intolerantes, os fanaticos de cada parcialidade politica, ter?o muito que abocanhar n'este pobre escrito. Pedir-lhes misericordia, ou mesmo justi?a, f?ra tempo perdido. Dir-lhes-hei s?, que n?o escrevi para elles. Os homens bons e sinceros, que s?o os que me importam, ainda quando n?o concordem comigo, louvar?o as minhas inten??es.

Se, em uma ou outra parte, eu parecer por ventura censor, em demasia acre, de coisas do meu tempo ; se d'ahi quizerem inferir mexeriqueiros, que as minhas ras?es s?o proclama??es, e os meus entranhados amores de alma, clamores e rebates sediciosos, n?o lhes hei-de opp?r , que as revolu??es n?o s?o os livros quem as faz, mas sim as coisas; as obras, ou a falta de obras, dos poderosos, e n?o as palavras dos obscuros e inermes; que as paginas s? teem for?a activa, quando os actos que n'ellas se tratam lh'a communicam; e que essa for?a activa, ainda quando nem uma lettra se escreva, e ent?o muito mais, sempre existe e sempre actua; que, em summa, o attribuirem ao meu livro efficacia para concitar as turbas, ? fazerem-me ao mesmo tempo honraria demasiada, e demasiada injuria.

N?o amo revolu??es, nem as quero, nem creio n'ellas; tenho vivido este ultimo meio seculo, e n?o ignoro, de todo, o como doidejaram os precedentes; mas, ainda que para ahi me fugisse a vontade , faltavam-me a voz e o desembara?o, indispensaveis para o papel, pelo menos extravagante, de tribuno. Se alguma coisa a tal respeito pregoei, mais foi contra as insurrei??es, que a favor d'ellas; mais foi gritar aos governantes, que se houvessem de collar no officio por boas obras, do que aos governados, que os derribassem; quando n?o, ? consultar o livro a cada passo.

Se descreio em algum, ou alguns, dos presuppostos artigos de f? constitucional, n?o ? culpa minha, nem ? culpa; affiro-os pela ras?o pura; avalio-os pelos resultados; comparo-os c? dentro, no meu f?ro, j? com as obras inconsequentes, j? com os versateis discursos de muitos dos estadistas, que por elles fazem obra; e digo, com toda a paz da minha philosophia humilissima, que me parece n?o seria mau pensarmos outra vez um pouco em taes artigos. Toda a discuss?o d? luz; e toda a luz ? creadora. As theses politicas n?o s?o por?m as minhas; as minhas, o epilogo do meu livro, a isto se reduzem: temos terra, que pode ser mais e melhor cultivada; devemos cultival-a; temos alma, que pode ser mais e melhor allumiada; devemos allumial-a; temos cora??o, que pode ser mais puro, mais virtuoso, e mais amante, e mais cora??o; devemos aproveital-o.

A terra nos far? ricos; a instruc??o, poderosos; a moralidade, unidos. A riqueza, o poder, a fraternidade, que s?o a civilisa??o, felizes.

Quanto ? Agricultura, as minhas diligencias n?o deixaram, talvez, de contribuir o seu poucochinho, segundo alguem cr?, para este promettedor tr?fego de Sociedades agricolas, que hoje vai no Reino.

Quanto ? moralidade e fraternidade, esses bens, d'aquelles dois bens se h?o-de filiar; mas ha-de ser tarde. S? quando deixarmos de ser politicos, principiaremos a ser bons.

Refundira-o eu, se houvesse tempo, ou valesse a pena; decotaria redundancias: aproximaria pontos homog?neos, que v?o separados; reduziria as doutrinas a um systema, e concatena??o severa de raciocinios. Nada d'isso farei. Apraz-me conservar-lhe o seu caracter fortuito e desambicioso; s? assim, ? que me posso n'elle reconhecer.

? uma conversa??o, com todos os seus altibaixos, com todas as suas duvidas e incertezas, com todas as suas quebras e digress?es, com todo o desalinho de homem sincero, que antes quer ser amado, e merecel-o, do que citado e admirado, inda que o podesse.

P?ro j?, porque estender mais as advertencias sobre coisa t?o pequena, j? passaria de ociosidade.

Excellencias da vida rustica

SUMMARIO

Os campos s?o mais nobres que as cidades.--O trato rural produz tudo.--A Agricultura, com os seus dois filhos, Industria e Commercio, ? a express?o maxima da Munificencia Divina, e o mais claro argumento da sociabilidade do homem.--As cidades s?o centros para a circula??o da moeda.--S? um povo agricola ? deveras rico.--As honras dadas ? Agricultura assentam em principios muito reaes.--A Biblia, e Homero.--Os Romanos da Republica.--O que eram as mulheres n'esse tempo.--A gratid?o divinisou entre as gentes primitivas os inventores industriaes e ruraes. Refuta??o de um dito de Santo Agostinho.--Origem das mythologias campestres.--Os deuses rusticos eram uma decomposi??o da Providencia. O Christianismo destruiu aquellas risonhas cren?as. O campo tomou outra especie de interesse.--Klopstock e Gessner.--As sciencias naturaes vieram substituir com vantagem a perdida idealidade dos campos.--Esbo?o da grandeza e poder d'estas sciencias.--Confirmar o lavrador na religiosidade hereditaria.--Excitar os ricos e poderosos, para que amem o campo e seus cultores.--Elogio moral e politico do viver campestre.

A arte variadissima de obrigar a terra a produzir tudo, n?o ? uma arte rude, pois todas as sciencias a cortejam, e a servem; n?o obscura, pois ? a mais antiga e universal; n?o vil nem desprezivel, pois s? depende de Deus, em quanto os homens todos dependem d'ella.

As cidades, que affectam desprezar os campos, d'elles nasceram; por elles vivem e medram, que s? l? teem as suas raizes. Transformam-se ellas, envelhecem, amesquinham-se, doidejam, morrem, e esquecem; em quanto elles, os campos, permanecem, riem, amam, d?o, e promettem de continuo; coexistiram desde o principio, coexistir?o at? ao fim, com a ra?a humana.

A charrua e o enxad?o topam em toda a parte com as ruinas de templos e palacios. Essas maravilhas eph?meras da Arte pompearam um momento sobre o solo desvestido, e logo a Natureza as afogou; as recobriu outra vez com o seu s?lo, com a sua vegeta??o, com os seus frutos, com as suas fragrancias, com a sua paz, com as suas harmonias, primitivas e ineffaveis.

?Ouvis nas cidades grandes aquelle sussurro profundo de mil vozes, como bramir de Oceano? ? o estr?pito da industria, o tr?fego do commercio, a ebriedade das mezas, o vozear dos espectaculos.

?Que Fada produziu e conserva tudo isso? a Agricultura.

Add to tbrJar First Page Next Page

Back to top Use Dark Theme