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Munafa ebook

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Ebook has 546 lines and 59669 words, and 11 pages

NO??ES ELEMENTARES

ARCHEOLOGIA

OBRA ILLUSTRADA COM 324 GRAVURAS

UMA INTRODUC??O

Do Sr.

Socio Effectivo da Academia Real das Sciencias

DEDICADA ? MEMORIA DO ILLUSTRE ARCHEOLOGO

MR. A. DE CAUMONT

por

JOAQUIM POSSIDONIO NARCISO DA SILVA

Architecto da Casa Real, Socio correspondente do Instituto de Fran?a, Honorario do Instituto Real dos Architectos Britannicos, da Sociedade Franceza de Archeologia, da Sociedade Central dos Architectos de Paris, correspondente da Academia Real de S. Fernando, fundador do Museu de Archeologia em Lisboa, etc. etc. etc.

MEDALHA DO CONGRESSO ARCHEOLOGICO DE LOCHES CONFERIDA NA SUA SESS?O DE JUNHO DE 1869

LISBOA

LALLEMANT FR?RES

A SUA ALTEZA REAL

O SERENISSIMO PRINCIPE

DUQUE DE BRAGAN?A

O. D. C.

JOAQUIM POSSIDONIO NARCISO DA SILVA.

INTRODUC??O

Os generaes romanos, quando voltavam d'essas emprezas guerreiras que accrescentavam ao imperio novas provincias, traziam mil objectos preciosos, variadissimas manifesta??es da arte e da industria dos vencidos, curiosos utensilios e ricos ornamentos em marmore, bronze, prata e oiro, obra de diversos povos, e differentes seculos. Pois os romanos applaudiam e apreciavam essas preciosidades, que vinham enriquecer a sua capital, constituindo-a um verdadeiro museu archeologico, apreciavam-n'as, repito, s?mente como despojos arrebatados aos vencidos pelas suas aguias triumphantes, como tropheus de victorias, que glorificavam o seu nome, e estendiam o seu poderio.

Nem os vasos sagrados do templo de Jerusalem, preciosos pela materia e ricos de tradi??es antiquissimas; nem os obeliscos do Egypto, padr?es de t?o remotas eras; nem as famosas estatuas da Grecia, sublimes creac?es do genio humano em uma das quadras mais notaveis da historia geral da civilisac?o; nem estes, nem outros objectos archeologicos e primores d'arte, que eram transportados a Roma a todo o momento, nos tempos da sua grandeza, faziam meditar os romanos sobre as extinctas civilisa??es, que muitos d'esses objectos recordavam, com o intuito de devassarem os mysterios da vida d'essas na??es, sumidas nos abysmos do passado.

Baqueou o imperio romano ao duro embate dos barbaros do norte; e o mesmo tuf?o, que o varreu da face da terra, apagou aquelle facho resplandecente, que irradiava a luz da civilisac?o para todas as regi?es do orbe antigo, onde chegavam as armas da soberba Roma.

Succederam-se, portanto, a tamanho explendor as mais crassas trevas da ignorancia e da barbaridade, em que a Europa esteve mergulhada durante seculos, at? que emfim raiou a aurora da regenera??o social, renascendo as letras e as artes. Foi ent?o que surgiram os primeiros ensaios da archeologia. Dante e Petrarca, os illustres iniciadores da litteratura moderna, foram tambem os creadores da sciencia archeologica, precedendo a todos os sabios na investiga??o dos manuscriptos antigos, no descobrimento e decifra??o de velhas inscrip??es, e no estudo das moedas, em que o segundo se occupou.

N?o tardaram a ter imitadores que procurassem desvendar, sob o p? dos seculos, os mysterios da historia. A descoberta de algumas pinturas antigas, em excava??es casuaes, quando os espiritos j? come?avam a raciocinar sobre a theoria da arte, e quando j? se principiava a apreciar os monumentos da antiguidade como annaes do viver das gera??es passadas, foi um novo incentivo para os estudiosos, e um raio de luz nos escurissimos caminhos da nova sciencia.

Uma coincidencia feliz veio dar maior impulso e mais auctoridade aos estudos archeologicos.

Miguel Angelo Buounarotti e Raphael Sanzio d'Urbino assombravam Roma e a Europa culta com os explendores do seu talento na pintura, na esculptura e na architectura, quando Felix de Fredi descobriu n'aquella cidade, em 1506, entre as ruinas das Thermas de Tito, o famoso grupo de Laocoonte e seus dois filhos envolvidos pelas serpentes. Enlevados n'este grande primor da esculptura antiga, aquelles dois eximios artistas procuraram com desvelada applicac?o descobrir o nome do auctor d'esta maravilha da arte, e a era em que foi executada. Caminhando de investiga??o em investiga??o visitaram e estudaram attentamente as grandes ruinas da architectura grega e romana, os restos preciosos da sua admiravel esculptura e as inscrip??es lapidares.

Estes estudos foram t?o applaudidos, e t?o reconhecidas as suas vantagens, que n?o tardou a fundar-se em Floren?a, sob o governo dos M?dicis, a primeira escola publica d'antiguidades.

Tal foi o come?o da archeologia.

O exemplo de Miguel Angelo e de Raphael, teve imitadores pouco depois em Fran?a, Allemanha, e outras na??es, onde alguns homens estudiosos, n?o cultores das artes, mas apreciadores das suas obras, se occuparam de investiga??es archeologicas, posto que em geral restrictas ? numismatica e ? epigraphia.

Todavia, apezar d'este estimulo, o estudo d'antiguidades s? teve principio entre n?s passado um seculo; e foi de f?ra que ent?o nos veio o incentivo.

Assim come?aram estes estudos em Portugal; e do mesmo modo continuaram n'esse seculo e no seguinte, restrictos todavia ? ?poca do dominio romano.

Ent?o os adeptos da nova sciencia, sequiosos de emo??es e buscando alargar a ?rea dos seus estudos, visitam a Grecia, exploram o solo, desenterram soberbos monumentos, escrevem e publicam em muitos livros os resultados das suas investiga??es.

Illustraram-se n'esta cruzada scientifica, principalmente, Jacob Span, e Bernardo de Montfaucon, francezes, e Wheler, Jo?o Augusto Ernesti, Jo?o Jorge Groevinus, Gronovius, allem?es. Todavia nos seus vastos repositorios de memorias e disserta??es, posto que tratem mais particularmente das antiguidades gregas e romanas, j? se occupam de todas as partes da archeologia.

Teve grande importancia esta obra, n?o s? por dilatar os horisontes da nova sciencia, e abrir amplas vias aos seus cultores; mas tambem por diffundir o gosto dos estudos archeologicos, gra?as ? elegancia do seu estylo, ? lucidez dos seus argumentos, e sobretudo ao enthusiasmo com que falla dos grandes primores da arte antiga, e dos evplendores da civilisa??o grega e romana. D'essa benefica influencia originaram-se alguns dos mais ricos museus de antiguidades, que hoje existem, e muitas collec??es partiticulares valiosas, que promoveram e facilitaram o estudo.

O descobrimento das ruinas de Herculanum deix?ra ajuizar de alguns usos e costumes dos romanos ainda mal conhecidos. Por?m quando em 1755 se come?ou a levantar a espessa mortalha, que envolveu Pompeia em seu leito de morte durante 17 seculos, fazendo surgir do sepulchro uma cidade romana com as suas pra?as, ruas e casas guarnecidas e adere?adas interiormente, como na hora fatal em que as cinzas do Vesuvio a sepultaram no anno 79 da era christ?, revelou-se aos olhos absortos dos antiquarios a vida publica e privada do povo romano com todos os seus usos e costumes, pois que s? ent?o foi bem conhecida uma infinidade de coisas e circumstancias, que eram inteiramente ignoradas.

Accentuando-se cada vez mais os progressos da archeologia, o abbade Barthelemy, francez, reedifica a Grecia de Pericles, e Jorge Zoega, antiquario dinamarquez, come?a a erguer o veu que occultava ? sciencia o antigo Egypto. Napole?o Bonaparte emprehende a conquista d'este paiz, e as aguias francezas triumphantes abrem ignotos caminhos ? archeologia, e patenteiam-lhe um immenso thesouro de preciosas reliquias da mais remota antiguidade. Vivant-Denon reproduz com o seu lapis habil e delicado, os soberbos monumentos do imperio dos Phara?s, e cop?a com escrupulosa exactid?o, dos muros ennegrecidos pelo embate de tantos seculos, esses mysteriosos caracteres, que encerram, sob mil f?rmas emblematicas, sen?o os annaes, a vida intellectual do antigo povo egypcio.

Os livros d'estes homens, de espirito elevado, d?o um grande incitamento ?s investiga??es archeologicas; e as descobertas dos testemunhos authenticos da existencia do homem na remotissima ?poca quaternaria, trouxeram ao campo das discuss?es scientificas a origem da especie humana, e o seu viver nos tempos prehistoricos. Colleccionaram-se e patentearam-se ao publico os utensilios e instrumentos de que usaram os homens na sua idade primitiva, e que se iam descobrindo em excavac?es casuaes ou feitas expressamente com esse intuito. E n?o tardou a reconhecer-se a conveniencia de se reunirem em congresso os homens que nos differentes paizes se dedicavam a estes estudos, para que da exposi??o das suas investiga??es, e das discuss?es de uma assembl?a t?o competente e auctorisada, se projectasse luz nas trevas d'esse remoto passado.

Coube a mr. Desor, distincto naturalista, a honra de ser o primeiro a apresentar a id?a de um congresso internacional de archeologia prehistorica. Este pensamento enunciado em Paris, foi abra?ado com enthusiasmo; por?m antes que pod?sse ser realisado na terra, onde tivera origem, antecipou-se a Italia a encetar estas controversias.

Desde ent?o entrou a archeologia em um periodo de verdadeira actividade scientifica, protegida pelos governos das na??es mais cultas, reconhecida a sua importancia e justamente apreciada por todas as pessoas illustradas, qualquer que seja o rumo dos seus conhecimentos.

Portugal n?o tem tomado a parte activa, que lhe cumpria tomar, como paiz civilisado, e a quem tanto deve a moderna civilisa??o, n'aquelle movimento scientifico. Todavia, n?o se p?de dizer que lhe tenha ficado estranho.

Varias memorias, publicadas pela academia real das sciencias de Lisboa, provam que esta corpora??o se occupou, desde a sua institui??o, de assumptos archeologicos, relativos ? historia do paiz. Al?m disso n'estes ?ltimos annos tem havido entre n?s n?o poucos escriptores que se tem dedicado aos estudos archeologicos, e d'entre estes, alguns zelosos investigadores do que diz respeito aos tempos prehistoricos.

Por iniciativa, e p?de dizer-se por unico esfor?o do sr. J. Possidonio Narciso da Silva, fundador e presidente da real associa??o dos architectos e archeologos portuguezes, deu come?o esta associa??o no edificio da egreja gothica e arruinada do extincto convento do Carmo, onde se acha estabelecida, a um museu archeologico. Carece, por?m, de muitas condi??es para preencher os fins a que s?o destinadas similhantes collec??es, sendo uma das principaes, a organisa??o scientifica e chronologica, e conveniente colloca??o dos objectos alli reunidos. Devo accrescentar, por?m, que achando-se alli todos os objectos accumulados e apertados por falta absoluta d'espa?o; aquella organisa??o e conveniente colloca??o est?o dependentes de uma obra importante e despendiosa; a cobertura das naves da egreja.

Guardam-se em differentes estabelecimentos publicos de Lisboa, Porto e Evora, diversidade de objectos archeologicos e artisticos, que se estivessem reunidos formariam uma collec??o mui curiosa, e de certa importancia. Tambem s?o dignas de men??o as collec??es de fosseis, instrumentos e utensilios prehistoricos da sec??o geologica, no edificio do extincto convento de Jesus.

Pois que fui mais prolixo do que desejava no quadro historico, que fica tra?ado, procurarei ser conciso nas no??es geraes da sciencia archeologica, no??es que mr. Du Caumont julgou desnecessario explicar n'este livro.

A archeologia ? a sciencia que tendo por fim, como o indica o seu nome, o estudo da antiguidade, nos ensina a conhecer o viver dos povos antigos por meio do exame e aprecia??o dos monumentos, que nos deixaram, e de todos os objectos, que d'elles nos restam como manifesta??o do seu engenho e do seu trabalho.

A historia narra os successos, indica-lhes as causas, e aponta-lhes as consequencias. Julga do caracter e indole dos povos, e dos individuos que mais se assignalaram; e trata dos monumentos, como provas que mostram o seu desenvolvimento intellectual e industrial, e tambem como testemunha d'aquelles successos.

A archeologia examina attentamente todos os productos materiaes, que os antigos povos nos legaram, e d'esse estudo minucioso, comparativo e philosophico, faz resaltar o conhecimento das id?as, da religi?o, dos usos e costumes, do desenvolvimento industrial e artistico, emfim do viver dos povos, aos quaes esses productos pertenciam.

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