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Munafa ebook

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Read Ebook: The Circe of the deserts by Henry Bordeaux Paule

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Ebook has 546 lines and 59669 words, and 11 pages

A archeologia examina attentamente todos os productos materiaes, que os antigos povos nos legaram, e d'esse estudo minucioso, comparativo e philosophico, faz resaltar o conhecimento das id?as, da religi?o, dos usos e costumes, do desenvolvimento industrial e artistico, emfim do viver dos povos, aos quaes esses productos pertenciam.

Portanto a archeologia faz importantes servi?os ? historia, n?o s? esclarecendo-a, com a luz que derrama onde tudo ? trevas, mas tambem completando-a com uma infinidade de no??es e de objectos reaes, que nos apresentam um quadro verdadeiro da vida intima dos povos da antiguidade, que sem os esfor?os dos archeologos seriam ignorados ou apenas conhecidos superficialmente.

J. DE VILHENA BARBOSA.

PROLOGO

N'este seculo, em que a civilisa??o tem caminhado progressivamente nas principaes na??es, n?o podia esquecer por mais tempo um estudo que consiste em investigar o modo como come??ra a existencia da ra?a humana desde o ber?o at? o seu simultaneo desenvolvimento, n?o s? dos objectos necessarios para a defeza exterior, como em rela??o aos usos domesticos e habita??es: conseguindo-se por este curioso estudo formar juizo seguro ?cerca da existencia interior do viver e dos costumes dos primitivos habitantes da terra.

Depois do cataclismo que passou o planeta em que existiram, e das lutas encarni?adas e continuas das differentes ra?as, as quaes se disputavam tenazmente a posse do territorio mais fertil e mais ameno, tendo muitas d'essas ra?as j? desapparecido do mundo por inteiramente destruidas, e em outros se tenham confundido os elementos das suas respectivas nacionalidades, pois que nenhum d'elles nos deixou a historia escripta d'esses tempos remotos; a sua existencia rude e aventurosa n?o lhes proporcionavam o poderem cultivar a intelligencia, nem suavisar os costumes, para se dedicarem ao aperfei?oamento intellectual: portanto, s? pelos vestigios da sua imperfeita industria, os quaes se acham encerrados entre as camadas successivas da terra, s? por diversos fragmentos, elles nos poderam revelar a sua vida social, e nos mostraram o grau de sua nascente civilisa??o. Assim formul?mos a historia, ainda que incompleta nos primitivos tempos da terra habitada, e descobrindo os segredos d'essa existencia, saberemos quaes foram os esfor?os da intelligencia humana desde o seu alvorecer.

Quando os romanos se impozeram aos outros povos, e em repetidas conquistas ampliaram o seu dominio no antigo mundo, invadiram o territorio d'essas ra?as indigenas, e depois de renhidas batalhas o povo-rei subjugou-as, hasteando entre ellas a aguia romana; por?m n'essas ?pocas j? havia historiadores que nos deixaram as narra??es de taes feitos: assim o estudo d'esses acontecimentos, n?o ? t?o difficil, porque n?o precis?mos de ir inteiramente ? crusta terraquea pedir-lhe os seus segredos.

Todos conhecem a decadencia do Baixo-Imperio: as guerras continuas; o desprezo e o esquecimento da instruc??o; at? que appareceu um homem de animo forte e de intelligencia superior, que, apoderando-se do poder, formou um novo imperio, e pela sua sabedoria e por suas victorias alcan?ou a gloria de haver feito reviver o explendor da civilisa??o na Europa.

A idade media foi fecunda em acontecimentos, que prepararam os povos para aguardarem uma era, em que os seus direitos e a sua civilisa??o triumphassem das arbitrariedades e dos vexames que soffriam; depois surgiu o renascimento das lettras e das artes, que foi o prenuncio da nova civilisa??o.

Fica, portanto, reconhecida a necessidade de um estudo especial dos fragmentos e das ruinas dos antigos para formarmos, como j? dissemos, justa id?a dos usos, costumes e cren?as dos primeiros habitantes do mundo, e principalmente dos que existiram na Europa, muito mais interessante para n?s, por vivermos no territorio occupado por elles. Poderemos d'este modo dirigir os nossos especiaes estudos para a Lusitania, e entrar nas mais minuciosas investiga??es com respeito aos tumulos, ?s fortifica??es, aos templos, aos ornatos, ?s habita??es, a tudo emfim que determina e constitue a sciencia da archeologia, com a qual supprimos a falta da historia escripta.

Foram os allem?es, os inglezes e os francezes os primeiros que trataram d'essas curiosas investiga??es; e os sabios que se dedicaram a taes e t?o uteis estudos, principalmente Mr. de Caumont, e outros, que publicaram obras de grande merito, s?o dignos da nossa admira??o e do nosso reconhecimento, porque, procurando as origens da industria humana, nos revelaram interessantes conhecimentos, que n?o s? serviram para coordenar a historia das ?pocas mais remotas, mas tambem para estimular o desejo de conservar as antiguidades que estavam dispersas e desprezadas, attestando ignorancia e incuria.

Em Portugal nunca se pensara n'este ramo de instruc??o, posto que em alvar? de 14 de agosto de 1721 se ordenasse que se fossem colligindo as informa??es indispensaveis e se adquirissem objectos antigos, que facilitassem o estudo da archeologia, por?m ficou em letra morta; e tanto assim que s? em 1864 se organisou o primeiro museu archeologico, por iniciativa da pessoa que escreve estas linhas, fazendo o governo para esse fim a concess?o das ruinas da monumental egreja gothica do Carmo, de Lisboa, onde tambem depois estabelecemos em annos successivos um curso ?cerca da historia geral da architectura.

No volume, que vamos publicar, e cujos fundamentos lan??mos haver? sete annos, est?o illustrados corn gravuras numerosas, mais de 300 no texto, as passagens em que se tornava indispensavel esse meio de observa??o; seguindo, quanto possivel, a obra do sr. de Caumont, como j? indic?mos, procuramos ao mesmo tempo amplial-a com as explica??es das antiguidades encontradas em Portugal, interessando assim ainda mais os nossos compatriotas.

Suppomos que este livro poder? ser tambem de proveito nas nossas escolas, onde ? t?o geralmente reconhecida a necessidade de livros especiaes, que fallem aos alumnos de assumptos que s?o hoje do dominio de uma educa??o liberal; assim se tornar?o adeptos do estudo e da sciencia archeologica, que lhe fornece as primeiras bases, para que sejam outros tantos propagandistas da conserva??o da nossa arte e das nossas preciosidades archeologicas.

Apezar de ser trabalho complexo e difficil, n?o s? para a nossa limitada intelligencia, mas tambem pelos escassos recursos de que podemos dispor para uma publica??o d'esta ordem, o nosso vivo desejo de divulgar o gosto pela archeologia, de satisfazer ao constante empenho em estimular o estudo d'esta sciencia indispensavel para bem avaliar a historia da arte em Portugal, sirva comtudo de attenuante ?s faltas que houvessemos de commetter. E tambem, digamol-o, ficam aqui os cimentos de obra mais perfeita e de maior tomo para os que possam lan?ar-lhe hombros mais robustos e intelligencia mais apurada. Os que prezam o trabalho e amem o estudo relevem a nossa ousadia, e deitem-a ? conta da boa vontade e da sinceridade com que sempre tent?mos bem servir a patria.

NO??ES ELEMENTARES DE ARCHEOLOGIA

CAPITULO I

Desde os tempos mais remotos, apparece um longo periodo sem historia escripta, nem elementos positivos, durante o qual tentamos encontrar o progresso e o desenvolvimento da humanidade, unicamente por vestigios mais ou menos incompletos.

Idade de Pedra Idade de Bronze Idade de Ferro

A fundi??o, ou reduc??o dos metaes, ? uma opera??o difficil, que foi de certo por muito tempo desconhecida: os povos atrazados na civilisa??o deviam fabricar os objectos de que tivessem necessidade para a propria defensa e para a ca?a, assim como para os usos communs da vida, empregando pedras rijas, como ? o silex , os ossos dos animaes, ou a madeira.

O extraordinario numero de descobrimentos feitos nos diversos paizes, principalmente em Fran?a, na Suissa, na Inglaterra, e na Dinamarca, confirmou esta supposi??o.

Seguramente, se dermos com certa precau??o uma martellada sobre um fragmento de silex, de forma alongada, esse silex estalar?, e a pedra que se desligue tomar? logo a forma conoidal; ficar? chata de um dos lados, mostrando do outro uma aresta viva. Podiam-se fazer por este modo facas de pederneira, de que em diversas localidades se tem encontrado centenares de modelos.

Fazendo-se estalar esta qualidade de pedra repetidas vezes com certa habilidade, podem-se fabricar machados, pontas para flechas e outros instrumentos do genero d'aquelles de que apresentamos os desenhos n'esta pagina.

Examinemos os dep?sitos que indicamos, porque nos offerecer?o, segundo recentes explora??es, mat?ria variada e curiosa para o nosso estudo.

Os tumulos ou sepulchros, comp?em-se d'um recinto central formado de pedras de rocha de grande dimens?o, no qual se entra geralmente por um corredor de egual construc??o, estando tudo encerrado em immenso mont?o de pedras e terra.

Veja-se o desenho n.^o 2, de um tumulo completo; o n.^o 3, um tumulo aberto com dolmen; o n.^o 4, um dolmen completamente desguarnecido; e o n.^o 5, a perfeita Anta de Guitam?es, em Vianna do Castello.

O cobre com liga que lhe d? maior rijeza, foi empregado depois da pederneira, ou conjunctamente com ella, quando os nossos antepassados aperfei?oaram esta industria e conheceram o modo de derreter os metaes.

Ha annos, o sr. Worsaae e os antiquarios dinamarquezes publicaram que os tumulos da idade de pedra continham compartimentos centraes, conforme descrevemos; nos quaes se depositavam os cadaveres sentados, com os joelhos juntos ? barba e os bra?os cruzados no peito; em quanto os tumulos da idade de bronze n?o apresentavam esse compartimento reservado, sendo construidos com grandes pedras e os outeirinhos, compostos de terra e de pequenas pedras, n?o encerravam cadaveres, mas tamsomente as cinzas dos finados, depositadas em vasos de barro; muitas vezes appareciam acompanhados de objectos de bronze e ?s vezes de ouro. Inferia-se d'estas differen?as, que os instrumentos de bronze haviam sido trazidos por uma ra?a que invadira, absorvera e talvez aniquillara a indigena; ra?a que teria costumes diversos, armas superiores e civilisa??o mais adiantada que a subjugada.

Acceitando-se este facto, a idade de bronze seria inaugurada na Europa occidental por um povo conquistador em ?poca desconhecida.

Os objectos de barro n?o nos guiam suficientemente n'esta explora??o. Os que foram achados com os instrumentos de bronze s?o de fabrico grosseiro, mal cosidos, e por seu feitio, ornatos e as substancias que os comp?em, simelham-se muito com os vasos de barro achados nos sepulchros que encerravam unicamente objectos de pedra. N'esses diversos tumulos raramente se viam vasos com azas; ? forma dos gargalos parecia n?o ser conhecida, nem o seu uso; consistindo apenas a ornamenta??o em linhas em direc??es diversas; ou ponteado concavo, ou emmoldurado em xadrez.

Al?m d'isso, a pederneira era ainda de uso geral na idade de bronze, e muitas vezes se tem encontrado objectos de pedra e instrumentos de bronze nos mesmos tumulos; facto que poderia explicar-se admittindo-se que servira successivamente para sepultura em differentes povos.

Tem-se, comtudo, encontrado na mesma sepultura esqueletos sentados na propor??o de 20 por cento, talvez como demonstra??o, segundo o sr. Lubbock, dos ultimos representantes das gera??es passadas que tivessem apego aos antigos usos.

Ha annos notava-se em muitos lagos da Suissa, abaixo do nivel natural das aguas, estacarias em grupos consideraveis; o dr. Keller, de Zurich, socio da sociedade de archeologia franceza, estudou com atten??o esses vestigios, que por grandissima diminui??o das aguas ficaram visiveis; e declarou depois, que os primeiros habitantes da Suissa estabeleciam por vezes as suas casas em cima da agua, como praticavam algumas tribus da antiguidade, e at? como fazem ainda alguns povos modernos. Tal descobrimento causou sensa??o entre os antiquarios; muitos observadores se dedicaram depois com grande solicitude a explorar o fundo dos lagos, nos logares das cidades lacustres indicadas pela presen?a da estacaria. Estas investiga??es foram proficuas. Poderam-se tirar, servindo-se de dragas, grande numero de fragmentos de objectos de barro, e outros utensilios, os quaes, comparados com os que foram encontrados nos tumulos, reconheceu-se pertencerem tambem a identica civilisa??o.

Os habitantes das cidades lacustraes achavam sem duvida recursos aliment?cios na pesca, mas estabeleceram as suas habita??es sobre a agua para se collocarem ao abrigo dos ataques das feras, ou dos roubos das tribus visinhas. Era facil separar inteiramente essas povoa??es fluviaes levantando para isso as pontes, que lhes serviam para communicarem com as margens.

Segundo o estudo das ossadas dos animaes recolhidos pela draga, e de diversos fragmentos, conheceu-se que ent?o j? havia seis especies de animaes domesticados que deviam servir para o alimento dos habitantes; e entre essas, encontraram-se restos de veados, bois, de duas formas, porcos, c?es, cabras e cavallos, notando-se por?m que havia poucos vestigios do cavallo e da cabra.

As excava??es dirigidas por varios geologos em diversas localidades, deram em resultado encontrar-se nas cavernas consideravel numero de objectos devidos ? industria das ra?as primitivas, incluindo as da ?poca do diluvio, assim como os machados de pederneira, toscamente fabricados, e outros instrumentos de silex e osso, e em parte envolvidos com ossadas de animaes giganteos, que j? hoje n?o se encontram.

O descobrimento de uma queixada humana no saibro do Moulin-Quignon, proximo de Abbeville, na Fran?a, veio estratigraphicamente confirmar taes conjecturas e indica??es. Embora isto seja do dominio da geologia e da paleontologia, os factos novamente averiguados s?o de summo interesse, pois que comprehendem a id?a de indeterminada e espantosa antiguidade em que o homem vivia no estado quasi selvagem: n?o ? difficil acreditar que assim acontecesse, quando pensarmos na situa??o actual dos povos de Africa central, dos naturaes da America, quando foi descoberta, e dos habitantes das ilhas da Oceania. O homem que vive isolado, sem communica??o com os povos mais adiantados que elle, poder? ficar muito tempo no mesmo grau de civilisa??o; como aconteceu em o nosso continente antigo, em quanto os romanos levavam o luxo at? o extremo, havia ent?o em o Norte, onde j? chegam hoje os caminhos de ferro, povos semi-selvagens que n?o tinham participado em cousa alguma dos progressos do povo rei; e comtudo deviam depois repartir entre si os seus despojos e gosar da sua civilisa??o.

Os principaes monumentos dos tempos prehistoricos s?o, conjuntamente com os tumulos, dos quaes j? tratamos:

Os circulos formados de pedras, e os recintos simplesmente de terra.

As pedras oscillantes s?o pedras de extraordinario peso sobrepostas a outras e collocadas em equilibrio, mas que ao menor impulso se fazem mover: existem algumas em Fran?a, por?m na Inglaterra o maior numero. No Alemtejo, proximo de Alter do Ch?o, ha uma d'esta qualidade.

Outras vezes as pedras s?o substituidas por trincheiras ou fossos de terra. Tem-se encontrado em algumas partes, posto que raramente, terrados parallelos na direc??o de Leste a Oeste, e do Norte a Sul, que apresentam, em quanto ? disposi??o, muita analogia com os alinhamentos de pedras e parece terem tido o mesmo destino.

Os maiores d'estes circulos existem em Inglaterra; um d'elles, o vasto circulo de Avebury, em Wiltshire, est? totalmente destruido; por?m ainda houve quem o visse quasi completo por 1713; compunha-se de 660 pedras, e achava-se situado no meio de uma planicie, ficando-lhe o terreno em declive de todos os lados, como pode v?r-se na gravura junta.

O circulo exterior era formado de 100 pedras de 15 a 16 p?s de altura, collocadas a 27 p?s umas das outras; tinha perto de 1:300 p?s de diametro, e via-se cercado de profundo f?sso, contornado exteriormente por larga trincheira de terra.

O circulo exterior tinha quasi 97 p?s de di?metro; e compunha-se primitivamente de 30 pedras erguidas com altura de 10 a 12 p?s, collocadas a 1 metro de distancia umas das outras; estas 30 pedras sustentavam egual numero de impostas ou pedras collocadas horizontalmente que se ligavam nas extremidades e formavam d'este modo uma especie de balustrada tosca.

O segundo circulo ficava a 9 p?s do precedente, era formado de 29 pedras esguias sem impostas, e por metade da grandeza das do circulo exterior: apenas 19 estavam erguidas haver? 38 annos.

Na extremidade oriental do oval, dentro do ultimo circulo, havia uma pedra medindo 16 p?s de comprimento e 4 de largura, posta em plano na terra, e que se supp?e serviria de altar.

As pedras esguias que compunham estes quatro circulos eram quasi todas mais largas na base que no vertice; tinham sido cravadas em cavidades abertas em rocha de natureza graphite, e havia o cuidado de as consolidarem calcando-as com fragmentos de pederneira em volta das cavidades.

Um largo f?sso de 30 p?s, collocado entre duas trincheiras, formava o quinto recinto circular ? roda das pedras do circulo exterior.

Acredita-se que estes monumentos nem sempre foram usados nas ceremonias religiosas. Na infancia dos povos, os logares consagrados ao culto deviam servir tambem para tribunal de justi?a, assim como para ponto de reuni?o dos conselhos patriarchaes ou de notaveis, que tratavam dos interesses da na??o, das elei??es, das inaugura??es, etc.

Em o Norte, os nobres reuniam-se antigamente dentro de recintos circulares formados de pedras, para elegerem os seus principes, at? a promulga??o da Bulla de Ouro pelo imperador Carlos IV, em 1356. O circulo de pedras, no qual Eric foi proclamado rei da Suecia, existe ainda proximo de Upsal; uma grande pedra toma o centro, como em outros recintos d'aquelle paiz. Outrotanto se praticava na Irlanda e na Escossia.

Pouco sabemos acerca de qual seria a architectura anterior ao dominio dos romanos. Presume-se por?m que nas primitivas construc??es empregariam a madeira e o barro.

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