Read Ebook: The Highland bagpipe by Manson W L William Laird
Font size: Background color: Text color: Add to tbrJar First Page Next Page Prev PageEbook has 2052 lines and 151026 words, and 42 pages"A la f? que nunca tal vi! Virgem bemdicta! Aqui anda cousa de Belzebuth."--E dizendo e fazendo, benzia-se e persignava-se. "Ui!"--gritou sua mulher como se a houveram queimado. O bar?o olhou para ella: viu-a com os olhos brilhantes, as faces negras, a b?ca torcida e os cabellos eri?ados: E ?a-se alevantando, alevantando ao ar com a pobre D. Sol sobra?ada debaixo do bra?o esquerdo: o direito estendia-o por cima da mesa para seu filho D. Inigo de Biscaia. E aquelle bra?o crescia alongando-se para o mesquinho, que de medo n?o ousava bolir nem falar. E a m?o da dama era preta e luzidia como o pello da podenga, e as unhas tinham-se-lhe estendido bom meio palmo, e recurvado em garras. "Jesus, sancto nome de Deus!"--bradou D. Diogo, a quem o terror dissip?ra as fuma?as do vinho. E travando de seu filho com a esquerda, fez no ar com a direita uma e outra vez o signal da cruz. E sua mulher deu um grande gemido, e largou o bra?o de Inigo Guerra, que j? tinha seguro, e continuando a subir ao alto, saiu por uma grande fresta, levando a filhinha que muito chorava. Desde esse dia n?o houve saber mais nem da m?e nem da filha. A podenga negra, essa sumiu-se por tal arte, que ninguem no castello lhe tornou a p?r a vista em cima. D. Diogo Lopes viveu muito tempo triste e aborr?do, porque j? n?o se atrevia a montear. Lembrou-se, por?m, um dia de espairecer sua tristura, e em vez de ir ? ca?a dos cerdos, ursos e zevras, sair ? ca?a de mouros. Mandou, pois, levantar o pend?o, desenferrujar e polir a caldeira, e provar seus arnezes. Entregou a Inigo Guerra, que j? era mancebo e cavalleiro, o governo de seus castellos, e partiu com lustrosa mesnada de homens d'armas para a hoste d'el rei Ramiro, que ?a em arrancada contra a mourisma de Hespanha. Por muito tempo n?o houve delle, em Biscaia, nem novas nem mensageiros. TROVA SEGUNDA. Era um dia ao anoitecer: D. Inigo estava ? mesa, mas n?o podia ceiar, que grandes desmaios lhe vinham ao cora??o. Um pagem muito mimoso e privado, que em p? diante delle esperava seu mandar, disse ent?o para D. Inigo:--"Senhor, porque n?o comeis?" "Que hei-de eu comer, Brearte, se meu senhor D. Diogo est? captivo de mouros, segundo resam as cartas que ora delle s?o vindas?" "Mas seu resgate n?o ? a vossa mofina: dez mil pe?es e mil cavalleiros tendes na mesnada de Biscaia: vamos correr terras dos mouros: ser?o os captivos resgate de vosso pae." "O perro d'elrei de Le?o fez sua paz com os c?es de Toledo: e s?o elles que tem preado meu pae. Os alcaides e potestades do rei tredo e vil n?o deixariam passar a boa hoste de Biscaia." "Quereis v?s, senhor, um conselho, e n?o vos custar? nem mealha?" "Dize, dize l?, Brearte." "Porque n?o ides ? serra procurar vossa m?e? Segundo ou?o contar aos velhos ella ? grande fada." "Que dizes tu, Brearte? Sabes quem ? minha m?e, e que casta ? de fada?" "Grandes historias tenho ouvido do que se passou certa noite n'este castello: ereis v?s pequenino, e eu ainda n?o era nado. Os porqu?s d'estas historias, isso Deus ? que o sabe." "Pois dir-t'os-hei eu agora. Chega-te para c?, Brearte." O pagem olhou de roda de si quasi sem o querer, e chegou-se para seu amo: era a obediencia, e ainda mais um certo arripio de medo, que o fazia chegar. "V?s tu, Brearte, aquella fresta entaipada? Foi por alli que minha m?e fugiu. Como e porqu?, aposto que j? t'o h?o contado?" "Senhor, sim! Levou vossa irman comsigo..." "Responder s? ao que pergunto! Sei isso. Agora cal-te." O pagem poz os olhos no ch?o, de vergonha; que era humildoso e de boa ra?a. E o cavalleiro come?ou o seu narrar: "Desde aquelle dia maldicto meu pae poz-se a scismar: e scismava e amesquinhava-se, perguntando a todos os monteiros velhos se porventura tinham lembran?a de haverem no seu tempo encontrado nas brenhas alguns medos ou feiticeiras. Aqui foi um n?o acabar de historias de bruxas e de almas penadas. Havia muitos annos que meu senhor pae se n?o confessava: alguns havia tambem que estava viuvo sem ter enviuvado. Certo domingo pela manhan nasceu o dia, alegre como se f?ra de paschoa; e meu senhor D. Diogo acordou carrancudo e triste como costumava. Os sinos do mosteiro, l? em baixo no valle, tangiam t?o lindamente que era um c?u aberto. Elle poz-se a ouvi-los, e sentiu uma saudade que o fez chorar. "Irei ter com o abbade:"--disse elle l? comsigo:--"quero-me confessar. Quem sabe se esta tristura ainda ? tenta??o de Satan?s?" O abbade era um velhinho, sancto, sancto, que n?o o havia mais. "Ui! filho,"--bradou o frade--"fizeste maridan?a com uma alma penada!" "Alma penada, n?o sei:"--tornou D. Diogo;--"mas era cousa do diabo." "Era alma em pena: digo-t'o eu, filho:"--replicou o abbade.--"Sei a historia dessa mulher das serras. Est? escripta ha mais de cem annos na ultima folha de um sanctoral godo do nosso mosteiro. Desmaios que te vem ao cora??o pouco me espantam. Mais que ancias e desmaios costumam roer l? por dentro os pobres excommungados." "Ent?o estou eu excommungado?" "Dos p?s at? ? cabe?a; por dentro e por f?ra; que n?o ha que dizer mais nada." E meu pae, a primeira vez na sua vida, chorava pelas barbas abaixo. O bom do abbade amimou-o como a uma crean?a, consolou-o como a um malaventurado. Depois poz-se a contar a historia da dama das penhas, que ? minha m?e ... Deus me salve! E deu-lhe por penitencia ir guerrear os perros sarracenos por tantos annos quantos viv?ra em peccado, matando tantos delles quantos dias nesses annos tinham corrido. Na conta n?o entravam as sextas-feiras, dia da paix?o de Christo, em que seria irrever?ncia trosquiar a vil rel? de agarenos, cousa neste mundo mui indecente e escusada. Ora a historia da formosa dama das serras, de verbo ad verbum como estava na folha branca do sanctoral, resava assim, segundo lembran?as do abbade. No tempo dos reis godos--bom tempo era esse!--havia em Biscaia um conde, senhor de um castello posto em montanha fragosa, cercado pelas encostas e quebradas de larguissimo soveral. No soveral havia todo o genero de ca?a, e Argimiro o Negro gostava, como todos os nobres bar?es de Hespanha, principalmente de tres cousas boas; da guerra, do vinho e das damas; mas ainda mais do que de tudo isso, gostava de montear. Dama, possuia-a formosa, que era linda a condessa; vinho, n?o havia melhor adega que a sua; ca?a, era cousa que na selva n?o faltava. Seu pae, que f?ra ca?ador e fragueiro, quando estava para morrer, chamou-o e disse-lhe:--"Has-de jurar-me uma cousa que n?o te custar? nada." Argimiro jurou que faria o que seu pae e senhor lhe ordenasse. "? que nunca mates fera em cama e com cria, seja urso, javal?, ou veado. Se assim o fizeres, Argimiro, nunca nas tuas selvas e devezas faltar? em que exercites o mais nobre mister de um fidalgo. Al?m d'isso, se tu souberas o que um dia me aconteceu... Escuta-me, que ? um horrendo caso...." O velho n?o p?de acabar; porque a morte lhe cravou n'este momento as garras. Murmurou algumas palavras inintelligiveis: revirou os olhos, e feneceu. Deus seja com a sua alma! Tinham passado annos: certo dia chegou ao castello do conde um mensageiro d'elrei Wamba. Chamava-o elrei a Toledo para o acompanhar com sua mesnada contra o rebelde Paulo. Os outros nobres-homens das cercanias eram como elle chamados. Antes, por?m, de partirem junctaram-se todos no castello de Argimiro para fazerem uma grande montaria com mais de cem al?os, sabujos, e lebreus, cincoenta monteiros, e mo?os de b?sta sem conto. Era uma vistosa ca?ada. Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page |
Terms of Use Stock Market News! © gutenberg.org.in2024 All Rights reserved.