Read Ebook: Little soldiers all by Stooke Eleanora H
Font size: Background color: Text color: Add to tbrJar First Page Next PageEbook has 712 lines and 28003 words, and 15 pagesE?A DE QUEIROZ O MANDARIM LIVRARIA INTERNACIONAL ERNESTO CHARDRON, EDITOR. Porto e Braga O MANDARIM PROLOGO Camarada, por estes calores do estio que embotam a ponta da sagacidade, repousemos do aspero estudo da Realidade humana... Partamos para os campos do Sonho, vaguear por essas azuladas collinas romanticas onde se ergue a torre abandonada do Sobrenatural, e musgos frescos recobrem as ruinas do Idealismo... Fa?amos phantasia!... Mas sobriamente, camarada, parcamente!... E como nas sabias e amaveis Allegorias da Renascen?a, misturando-lhe sempre uma Moralidade discreta... Eu chamo-me Theodoro--e fui amanuense do Ministerio do Reino. N'esse tempo vivia eu ? travessa da Concei??o n.^o 106, na casa d'hospedes da D. Augusta, a esplendida D. Augusta, viuva do major Marques. Tinha dois companheiros: o Cabrita, empregado na Administra??o do bairro central, esguio e amarello como uma tocha d'enterro; e o possante, o exuberante tenente Couceiro, grande tocador de viola franceza. Aos domingos repousava: installava-me ent?o no canap? da sala de jantar, de cachimbo nos dentes, e admirava a D. Augusta, que, em dias de missa, costumava limpar com clara d'ovo a caspa do tenente Couceiro. Esta hora, sobretudo no ver?o, era deliciosa: pelas janellas meio cerradas penetrava o bafo da soalheira, algum repique distante dos sinos da Concei??o Nova, e o arrulhar das rolas na varanda; a monotona susurra??o das moscas balan?ava-se sobre a velha cambraia, antigo v?o nupcial da Madame Marques, que cobria agora no aparador os pratos de cerejas bicaes; pouco a pouco o tenente, envolvido n'um len?ol como um idolo no seu manto, ia adormecendo, sob a fric??o molle das carinhosas m?os da D. Augusta; e ella, arrebitando o dedo minimo branquinho e papudo, sulcava-lhe as r?pas lustrosas com o pentesinho dos bichos... Eu ent?o, enternecido, dizia ? deleitosa senhora: --Ai D. Augusta, que anjo que ?! No entanto procurava distrahir-me. E como as circumvolu??es do meu cerebro me n?o habilitavam a comp?r odes, ? maneira de tantos outros ao meu lado que se desforravam assim do tedio da profiss?o; como o meu ordenado, paga a casa e o tabaco, me n?o permittia um vicio--tinha tomado o habito discreto de comprar na feira da Ladra antigos volumes desirmanados, e ? noite, no meu quarto, repastava-me d'essas leituras curiosas. Eram sempre obras de titulos ponderosos: Galera da Innocencia, Espelho Milagroso, Tristeza dos Mal Desherdados... O typo venerando, o papel amarellado com picadas de tra?a, a grave encaderna??o freiratica, a fitinha verde marcando a pagina--encantavam-me! Depois, aquelles dizeres ingenuos em letra gorda davam uma pacifica??o a todo o meu s?r, sensa??o comparavel ? paz penetrante d'uma velha c?rca de mosteiro, na quebrada d'um valle, por um fim suave de tarde, ouvindo o correr d'agua triste... < Add to tbrJar First Page Next Page |
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