Read Ebook: Côrte na aldeia e noites de inverno (Volume II) by Lobo Francisco Rodrigues
Font size: Background color: Text color: Add to tbrJar First Page Next Page Prev PageEbook has 209 lines and 46490 words, and 5 pagesN'esta pratica chegaram a ella, e n?o muito depois os companheiros, e como Solino, em entrando, os vio sentados, disse logo:--Todavia viestes deante para mostrares que ereis os mordomos da festa: e muito confiados na eloquencia, e auctoridade do doutor, vos parecer? que tendes a foga?a em casa, e eu cuido o contrario, se eu entrar na lucta, e vos n?o valer; que o dia, que se prega de um Santo, ? elle o maior de todos.--N?o sei que tendes contra as lettras que, sendo t?o grande amigo de Pindaro, vos picaes sempre contra a sua profiss?o.--Dir-vos-hei o d'onde isso nasce; e ? que as lettras n?o posso negar que s?o cousa boa, mas assentam as mais vezes sobre ruim papel; e como ? feito de trapos, tenho achado tantos n'elles, que me aborrecem.--Melhor dissereis trampas, . Por?m no amigo que por vos fizeram?--Ir-se-me todo em lettras --N?o ? raz?o que vos adeanteis tanto para me tomar a estrada: deixae-me primeiro falar, que eu vos darei tempo quando me quizeres arguir; que, por mais que se apure a vossa murmura??o, n?o pode diminuir os quilates e pre?o das sciencias. Dizendo isto se levantou, e os mais o vieram acompanhando, feita primeiro cortezia ao senhor da casa, e aos hospedes que ficaram n'ella. Em quanto com a falta daquelles assistentes a houve tambem na conversa??o das noites que se seguiram, ser? justo que descansemos um pouco da continua??o d'este estylo; que se ao gosto dos curiosos leitores f?r bem acceito, sahir? brevemente ? luz outro volume de dialogos, que espera v?r o successo dos primeiros; pois esta virtude de escrever n?o tem no auctor d'elles outro fructo mais, que a satisfa??o dos animos affei?oados a seus escriptos, aos quaes com o trabalho de suas obras deseja pagar a vontade e opini?o com que acreditam. FIM DA "C?RTE NA ALDEIA" ECLOGA CONTRA O DESPRESO DAS BOAS ARTES ECLOGA CONTRA O DESPRESO DAS BOAS ARTES BIEITO Uma novilha dourada, Que anda naquella floresta Com uma estrella na testa Silva branca e remendada, Viste, Aleixo, d'onde veio, Que anda alli sem companhia? Qui?ais se derramaria, Ser? d'algum gado alheio. Para n?s se vem chegando, E se eu tenho ainda o meu tino. A novilha ? de Corino, E o pastor anda-a buscando. ? n'estes pastos extranha, Veio ha pouco a seu curral, Acha-se no campo mal, E foge para a montanha. BIEITO E d'onde houve aquella rez. Que elle poucas vacas cria? Ganhou-a n'uma porfia Nas festas, que Ergasto fez. Houve ent?o gr?o desafio Em lucta, canto, e louvores, Venceu todos os pastores Da serra, e d'al?m do rio. BIEITO Muito sabe, mui bem canta, Muito faz quem se lhe atreve: Como dan?a! como ? leve! Que voz tem! como a levanta! Viu, correu muitas aldeias, Viveu numa, e n'outra parte; E com ser s? na nossa arte, Sabe o muito das alheias. E segundo tenho ouvido, J? elle houve outro cuidado Bem longe de guardar gado Com o nosso trajo, e vestido. Foi na villa dos melhores: Mas uma dor bem sentida Fez que deixasse essa vida, E buscasse a dos pastores. Mas ainda quando se eguala Com o nosso modo alde?o, D'outra sorte d? raz?o, D'outra sorte canta, e fala. Digo-te que assim parece; Que logo na arte, e no geito Tem uma gra?a, um respeito, Que aos pastores nos fallece. V?l-o? assoma na ladeira; Anda o bom pastor sem tino, Chamo por elle, ah Corino. BIEITO N?o responde com canceira. C? anda a tua estrellada. Para n?s vem, j? nos v?: Fa?amos que um pouco est? Com nosco n'esta abrigada. Que uma hora do seu falar, E um lan?o do seu saber, Nem ? para se perder, Nem ? para se pagar. CORINO Deus vos salve: venho morto. Senta-te descan?ar?s. CORINO Corri todo o valle atraz, E ainda agora tomei porto. Tens a novilha segura; Descansa e descuida d'ella. CORINO Folgo de achal-a, e perdel-a J? n?o tenho em m? ventura. Porque ? t?o grande interesse O de vossa companhia, Que de ganho ficaria Quando de todo a perdesse. Ha muito que estais aqui? BIEITO J? sol f?ra nos junt?mos, E at? gora n?o cant?mos: Foi dita esperar por ti. CORINO Eu n?o sei negar-me: agora Vedes que venho cansado, Que n?o me quero rogado: Cant?ra, se isto n?o f?ra. Faz seu officio a edade, Sou j? velho, a voz fallece: Mas se a vontade merece, Tendes bem certa a vontade. BIEITO Toma alento; ent?o nos d? O que sem te ouvir n?o temos; Que a vaca n?s a traremos. E t'a levaremos l?. Faze-nos prazer que ou?amos Aquelle cantar primeiro, Que te ouvimos no ribeiro Quando acaso te topamos; Que mui gabado, e mui raro Para a coisa de que trata. CORINO Canto emfim: que quem dilata Dizem que quer vender caro. E pois que em al n?o mere?o, Quero colher d'isto o fruito. Add to tbrJar First Page Next Page Prev Page |
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