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Agora ninguem o arranca a infindaveis monologos cahoticos:--A morte! a morte! a morte!-- Incongruencia, obscuridade e d?r tambem; a d?r de quem vem da irrealidade, encolhido e transido; a figura estranha de quem se debate com o sonho e sae da lucta esfarrapado e doirado. Se o tiram do sonho titubia e n?o sabe onde p?e os p?s. Tem as azas partidas. Comprehende ent?o a sua inutilidade e desespera-se at? reentrar na nuvem que o envolve. Puxa a si o misterio, e, entre as arvores e os fios eletricos que correm todo o quintal e ligam todas as arvores, ou?o a sua voz magnetica, que impregna de sonho o luar todo branco: --Isto ? um fluido d?r, falta-me condensal-o. ? uma nuvem que envolve tudo, que vem do turbilh?o da Via Lactea, arrasta tudo comsigo, e ascende em espiral at? Deus. N?o, a sensibilidade n?o ? individual, ? universal. Basta ferir a sensibilidade, que vae dos nossos nervos at? ? Via Lactea, para transformar as no??es do tempo, do espa?o, da vida e da morte--basta deitar dentro d'um tanque uma gota de vermelho para tingir toda a agua. Deito-lhe sonho dentro... A villa ? tumular e encardida, mas oculta dentro dos seus muros um sonho desconforme. Talvez desconexo, mas desconforme. O sonho ? d'elle: a propria casa de granito rev? sonho. O Gabiru mistura, revolve, extrahe sonho do sonho. Debalde o que ? mesquinho lhe mostra os dentes: o Gabiru n?o ouve, n?o v?, n?o sente. O sonho isolou-o da propria mulher transida de frio, no casar?o que deu ? costa como uma nau do passado, com o cavername roido pelo mar das trevas. ? um s?r quasi ethereo. Nem sei dizer se existiu, se a criei; sei que se sumiu n'um s?pro cada vez mais ephemera, com dois olhos verdes de espanto. Sei que me pegou sonho, e que fui levado, perdido, como uma coisa inerte... Morreu transida de frio. Uma mulher palida--o que vale um passaro. Ternura e dois olhos verdes de espanto. Hesita, mal pousa os p?s no ch?o, chora baixinho, e vae talvez acordal-o, queixar-se... N?o se atreve, e esbo?a um sorriso logo molhado de lagrimas. Morre de frio. Agosto--morre de frio. At? para lhe sorrir se esconde, e p?e-se ent?o a olhar o muro a falar com o muro, a queixar-se ? grande nodoa de humidade da parede. Dois olhos verdes de espanto, um vestido de seda, e as meias rotas nos calcanhares. Um nada de ternura tel-a-hia salvo--ninguem o arranca ?quelle sonho informe. Morta... Ninguem. Depois que a perdeu tresvariou. Estende fios no ch?o entre as arvores, e as arvores, sob o fluido electrico, todo o inverno se desentranham em fl?r. Pegou-lhes sonho tambem. ? um desbarato, uma profus?o que as devora. Absurdo. O quintalorio ao p? da muralha, que h? seculos rev? humidade, n?o ? maior que um len?o; a primavera s? chega aqui tarde e de mau modo, com pena das arvores de sagu?o. Arrepende-se logo. J? veem que o absurdo ? maior ainda... Dezembro e primavera. O c?o gelado, um brilho de estrellas em engastes novos, e, entre a carie das paredes, as macieiras baixinhas e humildes como exhala??es de ternura. Mortas. Mortas, seccas de sonho. Mortas as arvores desfeitas em fl?r. --Este efluvio ? que ? tudo: a torrente de ideias e a torrente de paix?es. A minha athmosphera, a alma, penetra a tua athmosphera, e dissolve-a, domina-a, conquista-a. Recua, tacteia, hesita. Mas escusas de falar para que eu te entenda. A materia muitas vezes n?o me deixa comprehender, mas ? raro que eu n?o saiba logo quem tu ?s, e, mesmo que seja a primeira vez que te fale, as vezes que te tenho encontrado no mundo.--E logo:--A vida perdi-a a sonhar. Depois de morta ? que dei com ella. Mas que importa! Acabei com a morte, vou resuscital-a. Viveremos sempre, amar-nos-hemos sempre... A noite ? d'aparato. A lua de coral sobe por traz da montanha em osso, e depois na chanfradura das ameias. Mais fl?res--todos os galhos d?o fl?r. Sente-se, quasi se ouve, a d?r das arvores, dos s?res vegetativos, ao terem de apressar, de modificar a sua vida lenta, dispersos em ternura. --Perdi-a, perdi a vida! Esqueci-a como esqueci tudo. Perdi-a e mais dois dias e tinha suprimido a morte! Sob o fluido electrico o quintal tresnoita. Cae neve e abrem os primeiros bot?es. A arvore transforma-se n'um s?r dorido e esplendido--transforma-se em sonho--em sonho desfeito em fl?r, em flores espezinhadas uma atraz das outras por camadas sucessivas. Os ramos espremidos escorrem d?r. At? as pedras deitam tinta. O quintal escorre sonho como a alma do Gabiru. Atrevem-se e acordam as coisas apodrecidas, e velhas pedras iludidas p?em-se a cantar n'esse pio triste dos sapos, que sae da fealdade como uma inutil queixa de desventura. A noite concava e branca--gelada--cobre indiferentemente tudo isto. Que n?o cobre a noite? Quatro paredes negras, no fundo remexe o sonho. Perco tambem a no??o da realidade. --Tanta fl?r! 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