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Munafa ebook

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Words: 8222 in 3 pages

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anudos periodos do conde da Ericeira, regenerado a poesia e restitu?do a lingua.

Outravez ainda o limitado d'este bosquejo me impede de mencionar outros ingenhos que tanto mereceram da patria e da litteratura e remo?aram a perdida lingua de Cam?es. Exige o meu assumpto e o meu espa?o que me estreite no c?rculo poetico.

Ap?s estes vem o virtuoso e honrado Quita, a quem pagou a patria com miseria e fome as immensas riquezas que para a lingua e litteratura de seus versos herdou. Um pobre cabelleireiro, a quem as musas que serviu, os grandes que com ellas honrou nunca tiraram do triste officio, p?de de sua baixa condi??o social alevantar-se do primeiro grau litterario, que acaso lhe disputam ignorantes ou presump?osos, nenhum homem de gosto deixar? de lh'o dar.

Este ? em meu humilde conceito o nosso melhor bucolico: t?mo a liberdade de contrastar a opini?o commum, porque o meu dever de cr?tico me obriga a ennunciar lealmente o meu pensamento. Tenho para mim que a immensa c?pia de composi??es pastoris, as quaes n?o s?o riqueza, mas desperdicio de nossas musas, ou peccam por empoladas, por inverosimeis, por baixas, por demasiado naturaes, por sobejo elevadas. Um meio termo difficilimo de tocar, de n'elle permanecer, um stylo singelo como o campo, mas n?o rustico como as brenhas, s?o dos mais difficeis requisitos que d'um poeta se podem exigir. Se tem ingenho, custa-lhe a moldar-se e a rete-lo que n?o suba mais alto que a difficil medida, e raro deixa de a exceder, de perder-se do bosque e acabar em jardins cidad?os e conversas de damas e cavalheiros o que come??ra no monte ou na varzea entre pastores e serranas.

Nem Virgilio d'ahi escapou, nem Sannazaro, nem Cam?es; Gessner sim, e depois de Gessner, o nosso Quita. N?o digo que n?o tenha defeitos, ainda em seu genero pastoril; mas a boa e honrada cr?tica falla em geral, louva o bom, nota o mau, por?m n?o faz timbre em achar defeitos e erros na menor falta para se regosijar da censura. Grandes homens, grandes erros: a natureza da mediocridade ? cingir-se a tristes preceitos para esconder sua mesquinhez: por?m de taes nunca fallou posteridade. Horacio e Boileau foram atrevidos quando lhes cumpriu, e desprezaram regras e arte quando os chamou a natureza, e lhes mostrou o sublime. Philinto, que os sabia de c?r, tambem se levantou acima das regras, e nunca foi tamanho. E todavia foi elle o maior poeta de seu seculo: mas os grandes ingenhos n?o contraveem a lei, s?o superiores a ella, e s?o elles viva lei.

Mui distincto logar obteve entre os poetas portuguezes d'esta epocha Claudio Manoel da Costa: o Brazil o deve contar seu primeiro poeta, e Portugal entre um dos melhores.

E agora come?a a litteratura portugueza a avultar e enriquecer-se com as produc??es dos ingenhos brazileiros. Certo ? que as magestosas e novas scenas da natureza n'aquella vasta regi?o deviam ter dado a seus poetas mais originalidade, mais differentes imagens, express?es e stylo, do que n'elles apparece: a educa??o europeia apagou-lhes o espirito nacional: parece que receiam de se mostrar americanos; e d'ahi lhes vem uma affecta??o e impropriedade que d? quebra em suas melhores qualidades.

Muito havia que a tuba epica estava entre n?s silenciosa, quando Fr. Jos? Dur?o a embocou para cantar as romanescas aventuras de Caramur?. O assumpto n?o era verdadeiramente heroico, mas abundava em riquissimos e variados quadros, era vastissimo campo s?bre tudo para a poesia descriptiva. O auctor atinou com muitos dos tons que deviam naturalmente combinar-se para formar a harmonia de seu canto; mas de leve o fez: s? se estendeu em os menos poeticos objectos; e d'ahi esfriou muito do grande interesse que a novidade do assumpto e a variedade das scenas promettia. Notarei por exemplo o episodio de Mo?ma, que ? um dos mais gabados, para demonstra??o do que assevero. Que bellissimas cousas da situa??o da amante brazileira, da do heroe, do logar, do tempo n?o pod?ra tirar o auctor, se tam de leve n?o houvera desenhado este, assim como outros paineis?

Depois de Diniz o logar immediato nos anacreonticos pertence a outro Brazileiro.

Gonzaga mais conhecido pelo nome pastoril de Dirceu, e pela sua Marilia, cuja belleza e amores tam c?lebres fez n'aquellas nomeadas lyras. Tenho para mim que ha d'essas lyras algumas de perfeita e incomparavel belleza: em geral a Marilia de Dirceu ? um dos livros a quem o publico fez immediata e boa justi?a. Se houvesse por minha parte de lhe fazer alguma censura, s? me queixaria, n?o do que fez, mas do que deixou de fazer. Explico-me: quizera eu que em vez de nos debuxar no Brazil scenas da arcadia, quadros inteiramente europeus, pintasse os seus paineis com as c?res do paiz onde os situou. Oh! e quanto n?o perdeu a poesia n'esse fatal ?rro! se essa amavel, se essa ingenua Marilia fosse, como a Virg?nia de Saint-Pierre, sentar-se ? sombra das palmeiras, e em quanto lhe revoavam em t?rno o cardeal suberbo com a purpura dos reis, o sabi? terno e melodioso,--que saltasse pelos montes espessos a cotia fugaz como a lebre da Europa, ou grave passeasse pela orla da ribeira o tatu esquamoso,--ella se entretivesse em tecer para o seu amigo e seu cantor uma grinalda n?o de rosas, n?o de jasmins, por?m dos roixos martyrios, das alvas flores dos vermelhos bagos do lustroso cafezeiro; que pintura, se a desenh?ra com sua natural gra?a o ingenuo pincel de Gonzaga!

Justo elogio merece o sensivel cantor da infeliz Lindoya que mais nacional foi que nenhum de seus compatriotas brazileiros. O Uraguay de Jos? Bazilio da Gama ? o moderno poema que mais merito tem na minha opini?o. Scenas naturaes mui bem pintadas, de grande e bella execu??o descriptiva; phrase pura e sem affecta??o, versos naturaes sem ser prosaicos, e quando cumpre sublimes sem ser guindados; n?o s?o qualidades communs. Os Brazileiros principalmente lhe devem a melhor cor?a de sua poesia, que n'elle ? verdadeiramente nacional, e leg?tima americana. M?goa ? que tam distincto poeta n?o limasse mais o seu poema, lhe n?o d?sse mais amplid?o, e quadro t?o magnifico o acanhasse tanto. Se houvera tomado esse trabalho, desappareceriam algumas incorrec??es de stylo, algumas repeti??es, e um certo desalinho geral, que muitas vezes ? belleza, mas continuado e constante em um poema longo, ? defeito.

NOTAS DE RODAP?:


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